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Transgênicos: o que são OGMs

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Os alimentos transgênicos são aqueles organismos geneticamente modificados (OGMs) a fim de “melhorar a qualidade e aumento da produção e resistência às pragas, como insetos, fungos, bactérias e claro, herbicidas”. Mas até onde isso é realmente eficaz? As espécies transgênicas são protegidas por patentes, o que significa que o agricultor que decidir utilizá-las, terá de pagar royalties para a empresa detentora de tecnologia. Ou seja, quanto mais isso for considerado pela agricultura, mais ela se tornará dependente de empresas transnacionais do setor, tendo até que comprar novas sementes transgênicas a cada safra.

De acordo com o Greenpeace “a introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do patrimônio genético de nossas plantas e sementes e o aumento dramático no uso de agrotóxicos. Além disso, ela torna a agricultura e os agricultores reféns de poucas empresas que detêm a tecnologia, e põe em risco a saúde de agricultores e consumidores”. O Greenpeace defende um modelo de agricultura baseado na biodiversidade agrícola e que não se utilize de produtos tóxicos, “por entender que só assim teremos agricultura para sempre”. (veja mais)

Não obstante, ainda existe o risco da contaminação, que pode ocorrer por meio de insetos ou até mesmo por meio do vento. Inclusive, trago aqui à memória que no filme indicado recentemente para que todos assistissem “Consumed” há o retrato claro de uma fazenda tradicionalmente orgânica que se vê pressionada a ceder a transgênia por uma empresa de biotecnologia responsável por fornecer sementes transgênicas aos fazendeiros vizinhos. Inclusive, esta fazenda de orgânico perde sua licença por ter sido “invadida” pela semente transgênica trazida pelo vento de seus vizinhos.

É o caso do milho, por exemplo. Se não houver um espaçamento adequado entre as lavouras transgênicas e convencionais, a contaminação pode ocorrer sem que o agricultor perceba a tempo. É necessário prestar atenção quanto aos “benefícios” apontados, pois o objetivo da transgenia é lucro. Longe de ter um discurso contra o capitalismo e afins, quero apenas apontar ao problema que o consumidor paga ao receber em sua mesa, um alimento modificado geneticamente.

A engenharia genética vem dando seus passos desde os anos 70, até chegar ao ponto de criar sementes resistentes a seus próprios agrotóxicos e que produzem plantas inseticidas. Os argumentos favoráveis alegam que o cultivo aumenta a produtividade de variadas culturas, e, assim, seria possível “acabar com o problema da fome no mundo”. Entretanto, diversos estudos revelam que este problema está ligado à má distribuição e não à baixa produção de alimentos.

Os transgênicos apenas exacerbam a questão, pois sua produtividade não é superior a dos alimentos “comuns” e orgânicos! Quando falam em redução de uso de compostos e certos adubos, cuja acumulação pode acarretar em sérios danos ao ecossistema, temos que pensar que, por estas sementes/plantas transgênicas serem resistentes a agrotóxicos ou possuírem propriedades inseticidas, o uso contínuo deste tipo de semente leva à resistência de ervas daninhas, o que por sua vez leva o agricultor a aumentar a dose de agrotóxicos ano a ano, representando um alto risco de perda de biodiversidade justamente pelo aumento do uso de agroquímicos, quanto pela contaminação de sementes naturais pelas transgênicas (polinização cruzada, lembrem-se da aula de biologia!).

Ainda existem outras inúmeras questões que envolvem os malefícios da transgenia dos alimentos.

Transgênicos – como separar o “joio do trigo”?

No Brasil ainda podemos encontrar no rótulo o símbolo que indica se há transgênico no produto que pretendemos adquirir. Porém, há uma corrente que tem tentado extinguir esta menção nas embalagens.

No Brasil há uma importante campanha ativa encabeçada pelo IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) em prol de manter a rotulagem de “transgênico” nos produtos, que havia sido suspensa e foi reconquistada em maio deste ano. A decisão voltou a garantir a indicação no rótulo de alimentos que utilizam ingredientes geneticamente modificados, independentemente da quantidade presente. [A exigência estava suspensa desde 2012, por uma decisão liminar (provisória) do ministro Ricardo Lewandovski, do STF, que atendeu ao pedido da União e da Associação Brasileira de Indústria de Alimentos (Abia) contra a decisão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), que foi favorável à ação do Idec.] – confiram a reportagem publicada pelo IDEC “Vitória: STF garante rotulagem de qualquer teor de transgênicos, fruto de ação do Idec”

A iniciativa, focada em atingir especialmente os Senadores da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), pede que este grupo rejeite o Projeto de Lei 4.148, de 2008, de autoria do Deputado Heinze, que tramita como PLC 34/2015, pois tal projeto nega o direito do consumidor à informação sobre a presença de transgênico em alimentos.

Com a aprovação definitiva desse projeto de lei, os símbolos que identificam hoje produtos com OGMs poderão não estar mais presentes nos rótulos, assim como a indicação do gene doador na lista de ingredientes. Assim, para o consumidor final, não será mais possível ter certeza sobre a presença de transgênicos em alimentos por meio da rotulagem, exceto em caso de teste laboratorial específico.

Segundo o IDEC “caso o projeto de lei seja aprovado, corremos sério risco de saúde, pois compraremos alimentos sem saber se são seguros ou não. Atualmente, cerca de 92,4% da soja e 81,4% do milho do País são de origem transgênica. É essa produção crescente e acelerada que leva para a mesa do consumidor um alimento disfarçado ou camuflado, que não informa sua real procedência”.

Tal projeto nega o direito do consumidor à informação sobre a presença de transgênico em alimentos. A iniciativa também ignora a vontade da população que, segundo diversas pesquisas de opinião, já declararam querer saber se um alimento contém ou não ingrediente transgênico (74% da população – IBOPE, 2001; 71% – IBOPE, 2002; 74% – IBOPE, 2003; e 70,6% – ISER, 2005).

Convido todos a participar e compartilhar com o maior número de pessoas possível esta campanha – confira no site do IDEC “Fim da rotulagem dos alimentos transgênicos: diga não!”

Nos EUA até este ano a rotulagem de produtos OMGs não era obrigatória. Até então o que havia era um indicativo do FDA de que as indústrias poderiam “voluntariamente” declarar que seus produtos continham transgênicos. Adivinhem: nenhuma delas o fez! Até hoje o FDA jamais chegou a uma conclusão sobre os OMGs – exceto por uma marca de tomates – o que eles dizem é que “as companhias dizem que é seguro”. Os EUA não exigem testes de segurança antes de as safras chegarem ao consumidor. O que isso significa? Enquanto não há estudos que rastreiem o impacto do consumo destes alimentos, somos meras cobaias!

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