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Transgênicos: como podem impactar à saúde e causar danos ao meio ambiente

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Há muita polêmica envolvida quando o assunto é “alimentos geneticamente modificados” (OMGs) – os transgênicos, como conhecemos no Brasil.  Isso, ao meu ver, ocorre justamente porque existem estudos que dizem que a transgenia pode afetar a saúde humana, mas também existem outros estudos que dizem que o consumo não causa nada em nosso organismo.

Merece destaque o fato de que há evidências que apontam para alergias e até desenvolvimento de câncer, conforme inclusive reconhece o INCa em relação aos agrotóxicos. 

Mas o que tem isso a ver com transgênico? No comunicado oficial sobre o assunto, o INCa refere que “é importante destacar que a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, uma vez que o cultivo dessas sementes geneticamente modificadas exigem o uso de grandes quantidades destes produtosO modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos gera grandes malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população em geral. As intoxicações agudas por agrotóxicos são as mais conhecidas e afetam, principalmente, as pessoas expostas em seu ambiente de trabalho (exposição ocupacional). São caracterizadas por efeitos como irritação da pele e olhos, coceira, cólicas, vômitos, diarreias, espasmos, dificuldades respiratórias, convulsões e morte. Já as intoxicações crônicas podem afetar toda a população, pois são decorrentes da exposição múltipla aos agrotóxicos, isto é, da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e no ambiente, geralmente em doses baixas. Os efeitos adversos decorrentes da exposição crônica aos agrotóxicos podem aparecer muito tempo após a exposição, dificultando a correlação com o agente. Dentre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos podem ser citados infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer.”

Mesmo que existam alguns documentos que digam que a transgenia não produz malefícios ao nosso corpo, algumas fontes citam que estes estudos são financiados pelas mesmas empresas que fabricam este tipo de produto. Portanto, em quem acreditar? Diante da avaliação destes estudos, foi possível concluir que, mesmo havendo um equilíbrio entre os dados que apontam para riscos à saúde e aqueles que concluem pela ausência de riscos, a maioria dos estudos que consideram que plantas transgênicas são tão seguras quanto as convencionais foram realizados por empresas de biotecnologia que produzem este tipo de mercadoria. Ou seja, não há verdade absoluta quando se comprova que não faz mal nenhum à saúde, se quem diz isso é quem produz este produto!

No ano passado, em 2015, o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (NEAD/MDA) lançou “Lavouras Transgênicas – Riscos e incertezas – mais de 750 estudos desprezados pelos órgãos reguladores de OGMs. A publicação foi idealizada pelo Grupo de Estudos em Agrobiodiversidade (GEA), ligado ao MDA.

O conteúdo é online – e está acessível a todos – basta clicar aqui http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/ceazinepdf/LAVOURAS_TRANSGENICAS_RISCOS_E_INCERTEZAS_MAIS_DE_750_ESTUDOS_DESPREZADOS_PELOS_ORGAOS_REGULADORES_DE_OGMS.pdf

Inclusive traz indicativos de estudos que abordam o tema da transgenia tanto do aspecto do meio ambiente quanto da saúde do ser humano e dos animais e demais espécies da natureza.

Diante deste cenário e com indicativos que há ao nosso redor, minha convicção é a de quem não quer esperar anos mais à frente para que se comprovem largamente que tanto transgênicos quanto agrotóxicos que somos obrigados a consumir são severamente danosos ao ser humano. De novo, nosso organismo, por natureza, não foi preparado para lidar com determinadas substâncias. E os efeitos colaterais podem nos implicar em um alto preço a pagar. Assim com manobras muito bem estrategicamente elaboradas por empresas de relações publicas de gigantes mundiais outrora direcionaram os olhares para pesquisas que descaracterizavam os verdadeiros vilões da saúde foram hoje desmascaradas, acredito que será com os transgênicos. É fato que na literatura há poucos estudos que tanto evidenciem riscos quanto apontem a inexistência dos mesmos. Aqui meu parecer quanto a isto – já dito em outras ocasiões: os produtores de transgênicos detem influência sobre as pesquisas neste campo, até por serem os proprietários da tecnologia, com isso, assim como vivenciamos com outros produtos como cigarro, açúcar  (confira o conteúdo “A verdade revelada”, acredito que ainda há um longo caminho a percorrer no que cabe a haver transparência e idoneidade dos estudos sobre os OMGs.

Como relata no prefácio do livro Lavouras Transgênicas (…), no quarto capítulo, dedicado à saúde, no que diz respeito às plantas que sintetizam toxinas Bt, destacam-se interações dessas proteínas com células de mamíferos, bem como seus efeitos potencialmente tóxicos e alergênicos (in vivo e in vitro).

Um dos autores do livro é Gilles Ferment, mestre em Ecologia e Gestão Ambiental, com graduação e pós-graduação em Biologia dos Organismos Animais e Vegetais. Formado na Universidade Paris-Diderot, atuou durante três anos como pesquisador em Biossegurança, sobre os riscos das plantas transgênicas para o meio ambiente, a saúde humana e animal, no NEAD/MDA – no Brasil.

Em julho de 2013, Ferment foi autor do relatório “Levantamento e análise de estudos e dados técnicos referentes ao consumo de plantas transgênicas: o caso do NK603” foi publicado, informando a respeito dos riscos associados ao consumo de plantas transgênicas.

Ele apresentou um resumo das descobertas publicadas na literatura científica (ou seja, documentou todas aquelas que já saíram pela mídia), envolvendo tanto os riscos gerais ligados ao próprio processo de transgenia, como os riscos relacionados ao consumo de plantas que contém a toxina Bt (tóxica a lagartas) e/ou toleram altas doses de herbicidas.

Segundo o autor, embora a literatura científica seja escassa em relação aos riscos dos transgênicos, o volume dessas publicações aumentou consideravelmente nos últimos anos, existindo atualmente, mais de cem estudos de toxidade focados no consumo de ração à base de diferentes plantas transgênicas. Diante da avaliação destes estudos, foi possível concluir que, mesmo havendo um equilíbrio entre os dados que apontam para riscos à saúde e aqueles que concluem pela ausência de riscos, a maioria dos estudos que consideram que plantas transgênicas são tão seguras quanto as convencionais foram realizados por empresas de biotecnologia que produzem este tipo de mercadoria, como eu disse no começo deste texto. Ou seja, não há verdade absoluta quando se comprova que não faz mal nenhum à saúde, se quem diz isso é quem produz este produto!

Ainda sobre o relatório, há uma parte dedicada aos riscos específicos associados ao consumo de plantas geneticamente modificadas para produzir uma toxina inseticida Bt, têm destaque as evidências científicas demonstrando que, ao contrário do que alegam a indústria e os cientistas defensores da tecnologia, essas proteínas são biologicamente ativas em humanos que consomem as plantas Bt. O autor cita estudos realizados em laboratório que demonstraram que as proteínas Bt podem desencadear uma reação imune ou favorecer respostas imunológicas a outras substâncias, bem como estudos cujos resultados apontam que a suposta total degradação das proteínas Bt durante o processo de digestão em mamíferos não ocorre na realidade. Ferment também acrescenta que a maioria dos estudos toxicológicos realizados com cobaias animais disponíveis na literatura científica aponta para a existência de perturbações metabólicas e/ou fisiológicas relacionadas ao consumo de plantas inseticidas. Há também uma lista de exemplos de estudos científicos que apontam a existência de perturbações metabólicas e endócrinas resultantes do consumo de plantas transgênicas tolerantes a herbicidas (HT). No caso da soja RR, por exemplo, pesquisas de longo prazo observaram uma diminuição das enzimas digestivas (pâncreas), alterações da estrutura celular e da expressão gênica em vários tecidos/órgãos (rins e fígado principalmente) e o aumento da atividade metabólica do fígado. Um dos estudos citados observou alteração na estrutura e função dos testículos em ratos que consumiram a soja. Em 1999, no Instituto de Nutrição de Nova Iorque, uma pesquisa constatou um aumento de 50% na alergia à produtos com base de soja, afirmando que o resultado poderia ser atribuído ao consumo de soja geneticamente modificada. Outra preocupação é que se o gene de uma espécie que provoca alergia em algumas pessoas for usado para criar um produto transgênico, esse novo produto também pode causar alergias, porque há uma transferência das características daquela espécie. Foi o que aconteceu nos Estados Unidos: reações em pessoas alérgicas impediram a comercialização de uma soja que possuía gene de castanha-do-pará (que é um famoso alergênico).

Além disso, existem plantas e micróbios que possuem substâncias tóxicas para se defender de seus inimigos naturais, os insetos, por exemplo. Na maioria das vezes, não fazem mal ao ser humano. No entanto, se o gene de uma dessas plantas ou de um desses micróbios for inserido em um alimento, é possível que o nível dessas toxinas aumente muito, causando mal às pessoas, aos insetos benéficos e aos outros animais. Isso já foi constatado com o milho transgênico Bt, que pode matar lagartas de uma espécie de borboleta, a borboleta monarca, que é um agente polinizador. Sequer a toxicidade das substâncias inseridas intencionalmente nas plantas foi avaliada adequadamente. Estas substâncias estão entrando nos alimentos com muito menos avaliação de segurança que qualquer aditivo, corante, pesticida ou medicamento. Com a inserção de genes de resistência a agrotóxicos em certos produtos transgênicos, as pragas e as ervas-daninhas poderão desenvolver a mesma resistência, tornando-se “super-pragas” e “super-ervas”. Por exemplo, a soja Roundup Ready tem como característica resistir à aplicação do herbicida Roundup (glifosato). Consequentemente, haverá necessidade de aplicação de maiores quantidades de veneno nas plantações, o que representa maior quantidade de resíduos tóxicos nos alimentos que nós consumimos. No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou em 2004 o aumento em cinquenta vezes do limite de glifosato permitido em alimentos a base de soja. Os prejuízos para o meio ambiente também serão graves: maior poluição dos rios e solos e desequilíbrios incalculáveis nos ecossistemas.

Outra obra que pode ampliar a compreensão éTransgênicos para quem?” >> Convido a baixarem o livro, assim como o farei para leitura aprofundada.

Segundo informa, a obra destina-se à formação de pesquisadores e professores, técnicos e extensionistas agrícolas, produtores e consumidores. É uma leitura indicada para todos os que estão preocupados com a necessidade        e de um modelo de desenvolvimento agrícola sustentável que, na prática, sob formas de controles sociais do saber, permita a reprodução das sociedades e dos ecossistemas por elas utilizados.

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Sobre agrotóxicos quero compartilhar que no País tem havido intensas mobilizações em busca de ampliar a conscientização quanto aos danos ocasionados à saúde e meio ambiente e coibir medidas que possam ser tomadas para amplificar o uso destes produtos, bem como defender meios que possibilitem o crescimento e fortalecimento da agroecologia e do plantio livre de agrotóxicos.

Na tarde de ontem, dia 8/11, a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida em parceria com a ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e Greenpeace, realizou o lançamento público da sugestão de projeto de lei que institui o Programa Nacional de Redução no Uso de Agrotóxicos (Pnara). A ação aconteceu na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). http://bit.ly/2eLssV6

Conforme informou a Abrasco em coletiva de imprensa decorrente da iniciativa, dos 50 agrotóxicos mais utilizados no território nacional, mais de 20 já são proibidos em outros países. Convido todos a leitura da reportagem publicada no site do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional http://bit.ly/2eLssV6

Leiam também: Como grandes empresas driblam testes de transgênicos à saúde 

 

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