Fica cada vez mais claro para a ciência que as bactérias que vivem em nosso intestino impactam em nossa saúde física e mental, e até mesmo em nosso comportamento!
Um estudo, publicado em dezembro de 2022, e realizado em ratos, identificou duas famílias de bactérias (Lachnospiraceae e Erysipelotrichaceae), que produzem compostos chamados de “amidas de ácidos graxos”. Essas bactérias são capazes de se ligarem aos receptores canabinoides (sim, os mesmos do sistema endocanabinoide, ativado pela cannabis) nos neurônios sensoriais localizados no intestino.
Ocorre que essa ligação, ainda que não se saiba exatamente como, faz com que ocorra a inibição da enzima MAO, que degrada a dopamina, fazendo com que essa, por sua vez, tenha sua atividade aumentada no cérebro, principalmente na região do corpo estriado (relacionado à motivação e hábitos).
E por que isso importa? Bem, os pesquisadores descobriram que os animais que tinham mais dessas bactérias tinham também maior motivação para se exercitar, conseguindo se manter ativo por mais tempo. Já os animais que foram tratados com antibióticos (que, como sabemos, matam todas as bactérias, inclusive, as boas) tiveram desempenho inferior.
É uma descoberta que ainda precisa ser melhor estuda e compreendida, mas já abre caminho para pensarmos em novas terapêuticas para combater um dos maiores males dos tempos atuais, que é o sedentarismo. Além disso, reforça, mais uma vez, a importância de cuidarmos bem da nossa microbiota, seja para dormir bem, ter uma boa imunidade ou até mesmo se exercitar e ter uma melhor performance!
Ref.: https://doi.org/10.1038/s41586-022-05525-z