Há uma boa parcela de pessoas que não apresentam apenas uma fadiga que possa ser “melhorada” com algumas correções de hábitos e controle de certas doenças. A experiência médica nos mostra que existem muitos pacientes que se queixam de cansaço contínuo, mas não se enquadram neste diagnóstico, pois se sentem muito mal, incapazes de concentrar-se no trabalho e também de executar tarefas diárias. Estes, por mais que alguns médicos lhes receitem para dormir mais e se alimentar melhor, não conseguem ver de fato uma melhora, e isso acontece porque possuem Síndrome da Fadiga Crônica, e não apenas uma fadiga por hábitos maléficos. É um distúrbio que acomete mais mulheres do que homens, e, na maioria das vezes, instala-se sutilmente depois de um resfriado, gripe, sinusite ou outro processo infeccioso. Quando a pessoa melhora dessas infecções, infelizmente começa a apresentar sintomas de indisposição, fadiga e fraqueza muscular que podem até apresentar um avanço, mas estes retornam periodicamente.
Não há exames de laboratório específicos para identificar a fadiga crônica, mas, de acordo com o International Chronic Fatique Syndrome Study Group, o critério para o diagnóstico é considerar que o portador da Síndrome apresenta pelo menos quatro dos sintomas “comuns” por um período de pelo menos seis meses. Dentre os sintomas, está a dor de garganta, gânglios inflamados e dolorosos, dores musculares, dor em articulações sem sinais inflamatórios, cefaleia, dificuldade de concentração e memória fraca, dificuldade para dormir e fraqueza intensa que persiste por mais de 24 horas depois da atividade física. Alguns estudos sugerem que predisposição genética, doenças infecciosas prévias, faixa etária, mas principalmente estresse e fatores ambientais tenham influência na história natural da enfermidade. Por alguma razão ou estresse emocional forte devido à reforma da casa, preparativos para casamento, gestação e amamentação (medo de não ser capaz ou ansiedade por ser a primeira vez), bem como perda de dinheiro, negócio ou sociedade, morte de algum parente, entre tantos outros fatores, todos podem causar elevação e picos de cortisol para atender esse indivíduo sob estresse e lhe conferir energia para atacar ou fugir (isso repete-se há 66 mil anos).
Entretanto, o homem moderno apresenta estresse de forma crônica e continua secretamente por semanas e meses sobre elevados níveis de cortisol! Esse cortisol elevado gera dezenas de alterações no organismo, pois há queda da enzima triptofano redutase, e com isso não somos mais capazes de absorver o triptofano dos alimentos, ou seja, passamos a não mais sintetizar serotonina no organismo e essa queda gera compulsão por carboidratos doces ou salgados, assim como a queda da serotonina leva a queda da melatonina e assim há redução na qualidade do sono e imunidade. O cortisol elevado causa queda na pregnenolona, hormônio cerebral mais abundante (responsável por memória recente e concentração para leitura), e também queda do DHEA, diminuindo a libido! Com o passar do tempo, nessas condições sem qualidade de dormir e acordar cansado, começamos a nos sentir fadigados após o almoço e no final da tarde especialmente notar sua memória recente comprometida e dificuldade de manter leitura de um texto sem se perder no pensamento e apresentar queda de cabelo e unhas fracas! Como tratamento, além de reequilibrar os hormônios e instituir um sono de qualidade, mudanças de estilo de vida também são necessárias. Uma dieta equilibrada, interromper o uso excessivo de álcool, exercícios regulares de acordo com a disposição física e a manutenção do equilíbrio emocional para controlar o estresse são úteis para o controle da doença.