Meditar é uma prática tão antiga quanto heterogênea, usada pelas diversas culturas e religiões. Na atualidade o indivíduo tem redescoberto o potencial desta prática como uma técnica que pode ser utilizada para promover um desligamento deste ritmo frenético da vida, em especial, nas metrópoles.
Uma das abordagens da psicologia que destacam a importância da meditação é chamada de psicossíntese. Trata-se de uma visão holística do ser humano, que observa a totalidade: corpo, mente e espírito.
O conceito da psicossíntese foi criado por volta de 1910 pelo italiano Roberto Assagioli. Ele defendia que era importante que esta teoria fosse vista não como uma doutrina religiosa ou filosófica, mas sim um sistema psicológico aberto em contínuo desenvolvimento, uma psicologia com a síntese entre o misticismo oriental e a filosofia e a psicanálise ocidental e lógica.
Um de seus pilares é a meditação criativa, uma técnica que promove o diálogo interior, a reflexão, autoconhecimento, até encontrar solução de problemas. Consiste em visualizar, por meio da imaginação, um jardim interior, um lugar de tranquilidade para encontrar-se com o “Self”, com o próprio “Eu”. Nesse processo, a respiração é fundamental, pois é através dela que se alcança o estado profundo de relaxamento necessário para esse “encontro no jardim interior”.
Para alcançar o melhor desempenho deste tipo de meditação, é importante encontrar uma posição confortável para todo o corpo, em que todos os músculos estejam completamente relaxados. Deve-se prestar atenção na forma com que está respirando – e ir inspirando e expirando lentamente e naturalmente -, até sentir como se essa oxigenação tivesse chegado a todas as partes do corpo.
Com essa sensação de paz, gerada por essa respiração equilibrada, ficará mais fácil ser conduzido ao seu jardim interior. Neste momento é possível se deixar inserir mentalmente em qualquer momento e/ou situação lhe seja agradável e importante, e sentir fisicamente esse local.
Nesta hora é possível conversar consigo mesmo, trazer questões que incomodam e, a partir disso, buscar compreender com outro ponto de vista, entendendo que nada precisa tirar sua paz. Tudo isso, mantendo o foco numa respiração tranquila, que continue mantendo aquele estado de relaxamento corpóreo total.
E quando concluir o processo de raciocinar sobre aquelas questões no jardim interior, ficando ali o tempo que julgar necessário, você deve trazer de volta lentamente sua consciência ao local físico onde se está, sem ser brusco em pensamentos ou movimentos.
Esse é o tipo de exercício que é possível realizar em casa, no trabalho, em qualquer lugar que você possa ser conectado a este estado de paz – ou em momentos em que se precise muito dela, como em meio ao caos do trânsito, ou após receber uma notícia desagradável. Quando não é possível fazer isso de uma forma plena, ao menos equilibrando a respiração em postura relaxada e tentando acessar mentalmente aquele jardim de paz. Isso já ajuda muito a evitar, por exemplo, crises de pânico, já que essas roubam a oxigenação do cérebro, justamente por causarem uma elevação da pressão arterial e dos batimentos cardíacos. Então, quando se respira profundamente e lentamente, esse oxigênio retorna às células, regulando seu funcionamento novamente.
Inúmeros são os benefícios da meditação para a saúde, e ciência comprova isso cada dia mais. Estudos das universidades americanas de Stanford e de Columbia apontam que o cérebro relaxado paralisa a produção dos chamados hormônios do estresse, que são a adrenalina e o cortisol. E simultaneamente isso estimula a liberação de endorfina, que é o hormônio da alegria e do prazer. Dessa forma, a boa respiração e a meditação são grandes estratégias para ajudar o organismo a se manter mais saudável, a controlar a ansiedade, e reduzir as crises depressivas. O equilíbrio entre mente e corpo é base para uma qualidade de vida melhor.