Doenças autoimunes: como elas atingem nosso organismo?
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Glúten

Confira informações sobre o glúten e compreenda o porque ele pode ser considerado um alimento inflamatório

O consumo do glúten está altamente associado a processos inflamatórios que podem causar doenças autoimunes.

Os sintomas para intolerância ao glúten variam de leves e pouco específicos até uma síndrome clássica de má absorção intestinal em pacientes desnutridos. Quando ingerido, o glúten chega ao intestino estimulando a produção de anticorpos, principalmente as imunoglobulinas, que se atrofiam e deixam de desempenhar a função de captação dos macro e micronutrientes. Ou seja, os que não foram absorvidos são eliminados junto com as fezes e o organismo fica privado de nutrientes básicos, tornando a pessoa desnutrida com o tempo.

O problema maior em relação à estas substâncias inflamatórias – como o glúten – é que vamos sofrendo as consequências e só detectamos a presença de alguma intolerância quando já é “tarde demais”. Ou seja, toda a vez que a pessoa comer algo que tenha o glúten, que é o tema do texto de hoje, entre os ingredientes, ela será vítima de uma reação que danificará o forro do intestino delgado e os nutrientes não serão absorvidos apropriadamente, o que desencadeará em reações físicas extremas. Entendam o seguinte: nosso corpo humano tem aproximadamente um trilhão de células humanas na nossa composição corporal, e mais de cem trilhões de bactérias. Estima-se que tenhamos de um a um quilo e meio de peso em bactérias no nosso organismo, portanto seria imprudente não levar em consideração a atividade metabólica que elas exercem em nosso corpo e metabolismo. O nosso intestino, depois do cérebro, é o que recebe maior número de terminações nervosas; assim sendo, tratar seu intestino é cuidar de sua microbiota intestinal e fundamental para se obter e manter sua saúde na sua plenitude máxima. A nossa medicina copia da medicina americana, diferentemente da medicina alemã e chinesa, ou seja, elas não dão nenhum valor para isso, e é exatamente por esse problema que seu gastro só sabe prescrever omeprazol e mandar fazer endoscopia e colonoscopia. E isso não afeta só o intestino quando é relacionado ao glúten, mas também tem a ver com a intolerância à lactose que causa o mesmo efeito em nosso organismo!

Se falarmos em doença celíaca, ela comumente se manifesta durante a infância e existem alguns fatores de predisposição mesmo na idade adulta. A herança genética afeta parentes de primeiro grau, em 30% dos casos, e ocorre com mais frequência em mulheres do que em homens. Você pode detectar esse problema se observar a ocorrência de diarreia crônica, fator comum em 70% dos casos. Ir ao banheiro até quatro vezes por dia e observar características de má absorção nas fezes já é sinal de alerta para procurar o médico. Perda de peso também é normal, mas isso varia de acordo com a falta de apetite associada à doença e se ocorre má absorção dos alimentos. Muitos dos pacientes apresentam anemia, por causa da deficiência de ferro e ácido fólico que colaboram para a redução da massa mineral óssea dessas pessoas.

Nas últimas quatro décadas, inúmeros trabalhos têm revelado que o glúten poderá estar implicado em outras doenças autoimunes. De fato, foi constatado que os celíacos têm um risco aumentado de outras doenças autoimunes, tais como diabetes tipo 1 (DT1), tireoidite de Hashimoto, psoríase urticária, síndrome de Sjögrene, nefropatia IgA, entre outras. Isso ocorre porque a inflamação gerada pelo glúten gera um ambiente oportuno para instalação e agravamento de doenças autoimunes.

Inclusive, pesquisadores da Columbia University Medical Center, nos Estados Unidos, e da Universidade de Bolonha, na Itália (2016), desenvolveram um estudo detalhado sobre o glúten, a fim de determinar se a sensibilidade a ele na ausência de doença celíaca está associada com a ativação imunitária sistêmica. Os resultados mostraram que alguns indivíduos experimentam uma gama de sintomas em resposta à ingestão de trigo, mesmo sem a evidência serológica ou histológica característica de doença celíaca. Essa sintomatologia é um grande indício de que o glúten pode prejudicar até mesmo a saúde de quem não tem o diagnóstico de doença celíaca!

Referências

 

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Biesiekierski JR1, Newnham ED, Irving PM, Barrett JS, Haines M, Doecke JD, Shepherd SJ, Muir JG, Gibson PR. Gluten causes gastrointestinal symptoms in subjects without celiac disease: a double-blind randomized placebo-controlled trial. Am J Gastroenterol. 2011 Mar;106(3):508-14; quiz 515. doi: 10.1038/ajg.2010.487. Epub 2011 Jan 11.

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N Engl J Med. 2003 Jun 19;348(25):2517-24. Prevalence of Celiac disease among children in Finland. Mäki M1, Mustalahti K, Kokkonen J, Kulmala P, Haapalahti M, Karttunen T, Ilonen J, Laurila K, Dahlbom I, Hansson T, Höpfl P, Knip M.

Gastroenterology. 2014 Sep;147(3):610-617.e1. doi: 10.1053/j.gastro.2014.05.003. Epub 2014 May 13. Benefits of a gluten-free diet for asymptomatic patients with serologic markers of celiac disease. Kurppa K1, Paavola A2, Collin P2, Sievänen H3, Laurila K1, Huhtala H4, Saavalainen P5, Mäki M1, Kaukinen K6.

Vanga, Rohini et al. Gluten Sensitivity: Not Celiac and Not Certain. Gastroenterology , Volume 145 , Issue 2 , 276 – 279

 

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