É chegada a hora de começar a apresentar ao bebê novos alimentos. Muitas mães e pais nesta hora podem ter dúvidas sobre como conduzir seus filhos para este novo universo, repleto de sabores, cores e texturas.
Talvez algumas mulheres de seus 30 anos ou mais se recordem que até um tempo atrás a “moda” era dar as papinhas em potinhos, no modelo “abriu, serviu”. Uma forma que a Indústria Alimentícia, aliada à empresas de relações públicas e de agências de publicidade, criou de seduzir com o apelo de “acalentar”, sobretudo, as mães que tinham de conciliar a maternidade às outras atividades, e não conseguiriam tempo de preparar algo nutritivo e caseiro. Será mesmo possível haver em um pequeno pote de iogurte o equivalente aos nutrientes de um “bifinho” e ainda conter “amor” no coraçãozinho!?
Por anos a fio esta inverdade se propagou e grande parte da alimentação dos bebês foi sustentada por produtos embalados e, pior, doces, refrigerantes e toda a sorte de antinutrientes. Resultado: uma geração de pessoas que teve que ressignificar o valor da comida na vida adulta, muitas vezes, às duras penas.
“Mas, Dr. Barakat, Dra. Natália, qual o problema destes produtos, eles tem legumes, verduras, alguns dizem ser até fortificados em cálcio e ferro!”– caso você ainda pense assim, reflita o quanto há de elementos químicos nas formulações para dar cor, realçar sabor e estender seu prazo de conservação. Além, claro, de gerar desde a infância um paladar voltado para estas substâncias que será definitivo para as escolhas alimentares ao longo da vida.
A pediatra Natália Almeida Prado Pediatria Funcional, do Núcleo de Nutrição do Instituto Dr. Barakat chama a atenção para o fato de que os primeiros alimentos que o bebê terá contato representarem como ele irá interagir com a comida.
O sal, por exemplo, deve ser introduzido apenas após os 2 anos de idade. Da mesma forma é contra-indicada a introdução do açúcar e qualquer alimento que o contenha antes desta idade.
O preparo das papinhas deve ser caseiro e cada elemento amassado com o garfo e mantido separado no prato para ser oferecido ao bebê. Ex.: amassar a cenoura e o chuchu com o garfo e deixar os cremes um ao lado do outro. Não misturar permite ao bebê “perceber” diferentes sabores.
Natália esclarece ainda que mesclar as texturas oferecidas é importante, para que ele tenha diferentes vivências neste período. Procure dar os chamados “finger foods” – pequenos pedaços de cenoura, árvores de brócolis, frango desfiado por ex.. Assim, o bebê será estimulado em seus sentidos: tato, paladar, visão e olfato e terá sua percepção alimentar ampliada. É importante que quando for dar o alimento sólido você possa estar por perto e acompanhar esta interação, para evitar engasgos. Procure cozinhar levemente os legumes, por exemplo, para que amoleçam um pouco.
Seja amassado ou em pedaços, o ideal é que o bebê possa ter autonomia nesta “experimentação” como propõe o método chamado “BLW” (baby-led-weaning) – que consiste na introdução alimentar participativa, baseado na autonomia e respeito ao tempo do bebê! BLW significa literalmente “desmame guiado pelo bebê”, pois é ele que comanda! O acompanhamento de um nutricionista e pediatra neste período é essencial para estabelecer equilíbrio nutricional e, também, auxiliar no processo de forma correta. Voltaremos a falar sobre o BLW com exclusividade depois.
E lembrem-se: nem pensar em “só um pedacinho de chocolate, de doces, de massa”. Lembrem-se: açúcar e farinha refinados são viciantes e representam riscos à saúde. A criança pode desenvolver diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares e etc.