Quero compartilhar mais uma recomendação de filme que fala mais sobre o risco oferecido à saúde pelo consumo de transgênicos. Realmente acredito que há diversos meios de compreendermos o universo que nos cerca e, assim, empoderados do saber, podermos decidir sobre aquilo que permitimos entrar em nossas casas e em nossas vidas. Filmes são uma delas.
Desta vez quero apresentar a vocês “Consumed“ – um filme que traz a história de Sophie, uma mãe que começa a se dar conta de que os alimentos não são aquilo que parecem quando se depara com um surto de alergia em seu filho que nenhum médico sabe esclarecer a razão. Em uma pesquisa e investigação ousada, ela conhece um fazendeiro que luta para manter seu cultivo orgânico de mais de 30 anos, bem como tenta evitar que suas sementes sejam contaminadas pelas plantações vizinhas já dominadas pelas indústrias de biotecnologia. Mas, o que estes dois personagens tem em comum: “Clonestra” – a empresa multinacional de OMGs (alimentos geneticamente modificados) – que além de dominar a produção de milho mundial agora está prestes a se lançar no mercado de aves. Sim, galinhas geneticamente modificadas.
A luta de Sophie passa a ser que haja obrigatoriedade para que seja declarada no rótulo dos produtos a presença de ingredientes OMGs. Assim, ao menos, as pessoas teriam o direito e possibilidade de escolher aquilo que estavam ingerindo.
O que ocorre é que nos EUA até este ano a rotulagem de produtos OMGs não era obrigatória. Até então o que havia era um indicativo do FDA (equivalente a nossa Anvisa aqui) de que as indústrias poderiam “voluntariamente” declarar que seus produtos continham transgênicos. Adivinhem: nenhuma delas o fez! Até hoje o FDA jamais chegou a uma conclusão sobre os OGMs – exceto por uma marca de tomas – o que eles dizem é que “as companhias dizem que é seguro”. E isto basta desde quando? Os EUA não exigem testes de segurança antes de as safras chegarem ao mercado consumidor. O que isso significa? Enquanto não há estudos que rastreiem o impacto do consumo destes alimentos, somos meras cobaias!
No Brasil há uma importante campanha ativa encabeçada pelo IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) em prol de manter a rotulagem de “transgênico” nos produtos, que havia sido suspensa e foi reconquistada em maio deste ano. A decisão voltou a garantir a indicação no rótulo de alimentos que utilizam ingredientes geneticamente modificados, independentemente da quantidade presente. [A exigência estava suspensa desde 2012, por uma decisão liminar (provisória) do ministro Ricardo Lewandovski, do STF, que atendeu ao pedido da União e da Associação Brasileira de Indústria de Alimentos (Abia) contra a decisão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), que foi favorável à ação do Idec.] – confiram a reportagem publicada pelo IDEC “Vitória: STF garante rotulagem de qualquer teor de transgênicos, fruto de ação do Idec”
A iniciativa, focada em atingir especialmente os Senadores da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), pede que este grupo rejeite o Projeto de Lei 4.148, de 2008, de autoria do Deputado Heinze, que tramita como PLC 34/2015, pois tal projeto nega o direito do consumidor à informação sobre a presença de transgênico em alimentos.
Com a aprovação definitiva desse projeto de lei, os símbolos que identificam hoje produtos com OGMs poderão não estar mais presentes nos rótulos, assim como a indicação do gene doador na lista de ingredientes. Assim, para o consumidor final, não será mais possível ter certeza sobre a presença de transgênicos em alimentos por meio da rotulagem, exceto em caso de teste laboratorial específico.
Segundo o IDEC “caso o projeto de lei seja aprovado, corremos sério risco de saúde, pois compraremos alimentos sem saber se são seguros ou não. Atualmente, cerca de 92,4% da soja e 81,4% do milho do País são de origem transgênica. É essa produção crescente e acelerada que leva para a mesa do consumidor um alimento disfarçado ou camuflado, que não informa sua real procedência”.
Tal projeto nega o direito do consumidor à informação sobre a presença de transgênico em alimentos. A iniciativa também ignora a vontade da população que, segundo diversas pesquisas de opinião, já declararam querer saber se um alimento contém ou não ingrediente transgênico (74% da população – IBOPE, 2001; 71% – IBOPE, 2002; 74% – IBOPE, 2003; e 70,6% – ISER, 2005).
Convido todos a participar e compartilhar com o maior número de pessoas possível esta campanha – confira no site do IDEC “Fim da rotulagem dos alimentos transgênicos: diga não!”
Embora seja ficção, o filme “Consumed” reproduz o perfil de gigantes como Generall Mills, Monsanto, Kellog e tantas outras bem reais. Traz ainda reportagens reais emitidas nos jornais norte-americanos que mostram os riscos dos OMGs para a saúde humana.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) concluiu recentemente que o glifosato – usado como herbicida usado em quase todas as safras de AGM é provavelmente um carcinogenico para humanos. Outro ponto: o glifosato tem sido encontrado na água e passou a aparecer no leite materno! Espantados?!
É hora de acordarmos! Temos escolhas! Pesquisem, busquem… comer alimentos de verdade é um investimento em saúde em longo prazo! Evita-se doenças como alergias, câncer (sim OMGs podem ser alergênicos e carcinogênicos)! Este filme está no Netflix e, também tem um site oficial: http://www.consumedthemovie.com/
Afinal, o que são alimentos transgênicos?
Os transgênicos, nada mais são do que alimentos modificados geneticamente com a alteração do código genético, ou seja, genes de outros alimentos são inseridos no organismo do alimento que está sendo alterado. Através de técnicas de engenharia genética, todo organismo que contém materiais genéticos de outros organismos é denominado de transgênico. A transgenia visa criar organismos com características novas – ou melhoradas – ao organismo original, mas, devido a esta manipulação genética, o produto passa a ter características “anormais”, que normalmente não seriam possíveis por métodos naturais.
Os alimentos transgênicos são geneticamente modificados a fim de “melhorar a qualidade e aumento da produção e resistência às pragas, como insetos, fungos, bactérias e claro, herbicidas”. Mas até onde isso é realmente eficaz? As espécies transgênicas são protegidas por patentes, o que significa que o agricultor que decidir utilizá-las, terá de pagar royalties para a empresa detentora de tecnologia. Ou seja, quanto mais isso for considerado pela agricultura, mais ela se tornará dependente de empresas transnacionais do setor, tendo até que comprar novas sementes transgênicas a cada safra. Não obstante, ainda existe o risco da contaminação, que pode ocorrer por meio de insetos ou até mesmo por meio do vento. É o caso do milho, por exemplo.
Se não houver um espaçamento adequado entre as lavouras transgênicas e convencionais, a contaminação pode ocorrer sem que o agricultor perceba a tempo. É necessário prestar atenção quanto aos “benefícios” apontados, pois o objetivo da transgenia é lucro. Longe de ter um discurso contra o capitalismo e afins, quero apenas apontar ao problema que o consumidor paga ao receber em sua mesa, um alimento modificado geneticamente. A engenharia genética vem dando seus passos desde os anos 70, até chegar ao ponto de criar sementes resistentes a seus próprios agrotóxicos e que produzem plantas inseticidas.
Os argumentos favoráveis alegam que o cultivo aumenta a produtividade de variadas culturas, e, assim, seria possível “acabar com o problema da fome no mundo”. Entretanto, diversos estudos revelam que este problema está ligado à má distribuição e não à baixa produção de alimentos. Os transgênicos apenas exacerbam a questão, pois sua produtividade não é superior a dos alimentos “comuns” e orgânicos!
Quando falam em redução de uso de compostos e certos adubos, cuja acumulação pode acarretar em sérios danos ao ecossistema, temos que pensar que, por estas sementes/plantas transgênicas serem resistentes a agrotóxicos ou possuírem propriedades inseticidas, o uso contínuo deste tipo de semente leva à resistência de ervas daninhas, o que por sua vez leva o agricultor a aumentar a dose de agrotóxicos ano a ano, representando um alto risco de perda de biodiversidade justamente pelo aumento do uso de agroquímicos, quanto pela contaminação de sementes naturais pelas transgênicas (polinização cruzada lembrem-se da aula de biologia!). Ainda existem outras inúmeras questões que envolvem os malefícios da transgenia dos alimentos. Vejamos a seguir.
Riscos à saúde
Quando se fala em riscos para a saúde com o consumo de transgênicos, há muita polêmica envolvida justamente porque existem estudos que dizem que a transgenia pode afetar a saúde humana, mas também existem aqueles estudos que dizem que o consumo não causa nada em nosso organismo. Fui a fundo para pesquisar e, mesmo que existam alguns documentos que digam que a transgenia não produz malefícios ao nosso corpo, algumas fontes citam que estes estudos são financiados pelas mesmas empresas que fabricam este tipo de produto. Portanto, em quem acreditar? Em julho de 2013, o relatório “Levantamento e análise de estudos e dados técnicos referentes ao consumo de plantas transgênicas: o caso do NK603” foi publicado, informando a respeito dos riscos associados ao consumo de plantas transgênicas, pelo autor Gilles Ferment.
Ele apresentou um resumo das descobertas publicadas na literatura científica (ou seja, documentou todas aquelas que já saíram pela mídia), envolvendo tanto os riscos gerais ligados ao próprio processo de transgenia, como os riscos relacionados ao consumo de plantas que contém a toxina Bt (tóxica a lagartas) e/ou toleram altas doses de herbicidas. Segundo o autor, embora a literatura científica seja escassa em relação aos riscos dos transgênicos, o volume dessas publicações aumentou consideravelmente nos últimos anos, existindo atualmente, mais de cem estudos de toxidade focados no consumo de ração à base de diferentes plantas transgênicas. Diante da avaliação destes estudos, foi possível concluir que, mesmo havendo um equilíbrio entre os dados que apontam para riscos à saúde e aqueles que concluem pela ausência de riscos, a maioria dos estudos que consideram que plantas transgênicas são tão seguras quanto as convencionais foram realizados por empresas de biotecnologia que produzem este tipo de mercadoria, como eu disse no começo deste texto. Ou seja, não há verdade absoluta quando se comprova que não faz mal nenhum à saúde, se quem diz isso é quem produz este produto! Ainda sobre o relatório, há uma parte dedicada aos riscos específicos associados ao consumo de plantas geneticamente modificadas para produzir uma toxina inseticida Bt, têm destaque as evidências científicas demonstrando que, ao contrário do que alegam a indústria e os cientistas defensores da tecnologia, essas proteínas são biologicamente ativas em humanos que consomem as plantas Bt. O autor cita estudos realizados em laboratório que demonstraram que as proteínas Bt podem desencadear uma reação imune ou favorecer respostas imunológicas a outras substâncias, bem como estudos cujos resultados apontam que a suposta total degradação das proteínas Bt durante o processo de digestão em mamíferos não ocorre na realidade. Ferment também acrescenta que a maioria dos estudos toxicológicos realizados com cobaias animais disponíveis na literatura científica aponta para a existência de perturbações metabólicas e/ou fisiológicas relacionadas ao consumo de plantas inseticidas. Há também uma lista de exemplos de estudos científicos que apontam a existência de perturbações metabólicas e endócrinas resultantes do consumo de plantas transgênicas tolerantes a herbicidas (HT). No caso da soja RR, por exemplo, pesquisas de longo prazo observaram uma diminuição das enzimas digestivas (pâncreas), alterações da estrutura celular e da expressão gênica em vários tecidos/órgãos (rins e fígado principalmente) e o aumento da atividade metabólica do fígado. Um dos estudos citados observou alteração na estrutura e função dos testículos em ratos que consumiram a soja. Em 1999, no Instituto de Nutrição de Nova Iorque, uma pesquisa constatou um aumento de 50% na alergia à produtos com base de soja, afirmando que o resultado poderia ser atribuído ao consumo de soja geneticamente modificada. Outra preocupação é que se o gene de uma espécie que provoca alergia em algumas pessoas for usado para criar um produto transgênico, esse novo produto também pode causar alergias, porque há uma transferência das características daquela espécie. Foi o que aconteceu nos Estados Unidos: reações em pessoas alérgicas impediram a comercialização de uma soja que possuía gene de castanha-do-pará (que é um famoso alergênico).
Além disso, existem plantas e micróbios que possuem substâncias tóxicas para se defender de seus inimigos naturais, os insetos, por exemplo. Na maioria das vezes, não fazem mal ao ser humano. No entanto, se o gene de uma dessas plantas ou de um desses micróbios for inserido em um alimento, é possível que o nível dessas toxinas aumente muito, causando mal às pessoas, aos insetos benéficos e aos outros animais. Isso já foi constatado com o milho transgênico Bt, que pode matar lagartas de uma espécie de borboleta, a borboleta monarca, que é um agente polinizador. Sequer a toxicidade das substâncias inseridas intencionalmente nas plantas foi avaliada adequadamente. Estas substâncias estão entrando nos alimentos com muito menos avaliação de segurança que qualquer aditivo, corante, pesticida ou medicamento. Com a inserção de genes de resistência a agrotóxicos em certos produtos transgênicos, as pragas e as ervas-daninhas poderão desenvolver a mesma resistência, tornando-se “super-pragas” e “super-ervas”. Por exemplo, a soja Roundup Ready tem como característica resistir à aplicação do herbicida Roundup (glifosato). Consequentemente, haverá necessidade de aplicação de maiores quantidades de veneno nas plantações, o que representa maior quantidade de resíduos tóxicos nos alimentos que nós consumimos. No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou em 2004 o aumento em cinquenta vezes do limite de glifosato permitido em alimentos a base de soja. Os prejuízos para o meio ambiente também serão graves: maior poluição dos rios e solos e desequilíbrios incalculáveis nos ecossistemas.