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A verdade sobre o açúcar: o que a Indústria escondeu até hoje é revelado em pesquisa

 

Os primeiros sinais de alerta para evidências de que o consumo de açúcar (sacarose) representaria risco à saúde humana, com potencial para desenvolver doenças cardíacas datam de 1950. É o que pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, verificaram e publicaram  no JAMA Internal Medicine, de dia 12/09. (acesse)

Foi possível avaliar que à luz destas evidências que a Sugar Research Foundation (SRF) (Fundação de Pesquisas sobre Açúcar – na tradução livre) patrocinou seu primeiro projeto de pesquisa sobre doenças coronárias – que inclusive com uma publicação apontou que a gordura saturada e colesterol eram as causas destes agravos. Com isso, contribuiu-se para “despistar” o olhar para os reais riscos do consumo do açúcar.

Assim, com base em uma robusta revisão de literatura, juntamente com outras análises recentes de documentos internos e históricos da indústria do açúcar, que os pesquisadores apontaram em seus resultados o indicativo de que a indústria patrocinou um programa de pesquisa na década de 1960 e 1970 que com sucesso lançou dúvidas sobre os perigos de sacarose, promovendo a gordura saturada como vilã da saúde do coração.

Com isso os pesquisadores observaram que cinco décadas de pesquisas sobre o papel da nutrição e doenças cardíacas, incluindo muitas das recomendações dietéticas de hoje, pode ter sido em grande parte moldada pela indústria do açúcar. “Eles foram capazes de inviabilizar a discussão sobre o açúcar ao longo de décadas”, disse Stanton Glantz, professor de medicina na U.C.S.F. e um dos autores do papel JAMA Internal Medicine, em entrevista ao The New York Times em repercussão ao estudo. (link http://nyti.ms/2c8sTci )

De acordo com a reportagem do The NY Times que aqui traduzo – “os documentos mostram que um grupo comercial chamada Sugar Research Fundation, conhecida hoje como a Associação de Açúcar, pagou três cientistas de Harvard o equivalente a cerca de US $ 50.000 em dólares de hoje para publicar em 1967 uma revisão de pesquisas sobre açúcar, gordura e doenças cardíacas. Os estudos utilizados na revisão foram escolhidos a dedo pelo grupo açúcar, e o artigo, que foi publicado no prestigiado New England Journal of Medicine, que minimizou a ligação entre açúcar e saúde do coração e caluniou a gordura saturada. 

Mesmo que o tráfico de influência revelado nos documentos remonte quase 50 anos, os relatórios mais recentes mostram que a indústria de alimentos continuou a influenciar a ciência da nutrição. No ano passado, um artigo no The New York Times revelou que a Coca-Cola, o maior produtor do mundo de bebidas açucaradas, forneceu milhões de dólares em financiamento para os investigadores que tentou minimizar a ligação entre bebidas açucaradas e obesidade. Em junho, a Associated Press relatou que os fabricantes de doces estavam financiando estudos que afirmavam que as crianças que comem doces tendem a pesar menos do que aqueles que não o fazem. 

Os cientistas de Harvard e os executivos de açúcar com quem colaborou não estão mais vivos. Um dos cientistas que foram pagos pela indústria do açúcar foi D. Mark Hegsted, que passou a se tornar o chefe de nutrição do Departamento de Agricultura, onde, em 1977, ajudou a redigir o precursor de diretrizes alimentares do governo federal dos Estados Unidos. Outro foi o Dr. Fredrick J. Stare, o presidente do departamento de nutrição da Universidade de Harvard. Confira na íntegra a reportagem do NY Times

A hora da verdade chegou. Com este estudo, temos mais uma comprovação de algo que temos falado inúmeras vezes: o açúcar vem sendo associado já em diversas pesquisas a problemas cardiovasculares, obesidade e diabetes, pois seu consumo em excesso pode agravar os riscos de se contrair essas doenças, uma vez que ele é um produto altamente calórico e sem nenhum valor nutricional. 

Outro ponto que percebo e também pude consolidar minha linha de raciocínio recentemente, por meio do documentário “The Human Experiment” (também pode ver no Netflix) – é que esta iniciativa de ativar estudos que gerem dúvidas em relação à constatação de que determinado alimento e/ou substância detem esta ou aquela propriedade nociva – trata-se na verdade de uma bem elaborada estratégia de relações públicas, que teve início nesta mesma década de 60/70 – para reduzir as evidências de que o cigarro causaria câncer. O nome desta teoria é “Four Dogs Defense” ou “Defesa dos quatro cachorros” (na tradução livre)

O mecanismo à época para defender a indústria do Tabaco é mais ou menos assim:

  1. Primeiro de tudo, eu não tenho um cão.
  2. E se eu tivesse um cachorro, ele não morde.
  3. E se eu tivesse um cachorro e ele fez morder, então ele não mordê-lo.
  4. E se eu tivesse um cachorro e ele fez morder, e ele mordeu você, então você provocou o cão
  1. Isso adaptado a estratégia – soou assim:
  2. Fumar definitivamente não causa câncer, não há evidências de que causa câncer.
  3. Não há consenso sobre a evidência; fumar pode causar câncer, mas a fumaça de segunda mão definitivamente não faz.
  4. Ratos podem ter câncer, mas ratos não são seres humanos, os cigarros não são aditivos.
  5. As pessoas escolhem a fumar – e quem somos nós para impor sobre os direitos constitucionais das pessoas? – Etc.

Sobre os malefícios do açúcar

Muito se fala em moderação de consumo, mas acho que “moderar” não é a melhor saída, pois se estamos falando de uma pessoa que também consome outros alimentos que contenham muito açúcar, como refrigerantes, doces e etc., a moderação não serve de nada!

Você coloca pouco açúcar no seu prato, mas bebe duas latas de coca e aí acha que está fazendo certo, mas não é bem assim. Como já disse, essas latas equivalem à quase quatro colheres de açúcar, o que causa um aumento glicêmico no sangue, e aí as doenças ficam apenas aguardando para acontecerem.

Não estou falando para vocês pararem com o açúcar de vez, até porque é aos poucos que os hábitos mudam, mas atentem-se na redução! É comprovado que nenhum deles traz benefícios, então porque continuar consumindo? Infelizmente a necessidade do doce, do alimento açucarado e etc, é tão forte que fica impossível retirá-los da dieta.

O grande malefício do açúcar refinado é que, por não conter nenhum nutriente, ele é digerido instantaneamente pelo organismo e os níveis glicêmicos se elevam rapidamente, o que é perigoso por conta do depósito de gordura nas células.

Um dos efeitos nocivos da subida rápida e exagerada da glicose sanguínea é o aumento da secreção de insulina pelas células do pâncreas. Esse hormônio é responsável por jogar a glicose para o interior das células, onde ela será metabolizada para se transformar em energia. Insulina em excesso pode baixar as taxas de glicemia rápido demais, o que abre o apetite e faz com que a pessoa coma novamente – e engorde. Além disso, há o risco do desenvolvimento de uma condição chamada resistência à insulina, que pode levar ao diabetes. Uma descoberta recente explica as razões: a gordura em excesso funciona como uma glândula produtora de hormônios que desregulam o apetite, como a leptina, a resistina e a adiponectina. A resistência à insulina caracteriza-se pela dificuldade das células do organismo em reconhecer o hormônio, o que pode levar ao acúmulo de glicose no sangue e, consequentemente, a uma produção exagerada de insulina.

A boa notícia é que sim, existem opções saudáveis para o consumo de açúcar.

O agave, por exemplo, que é muito comentado como opção 2 para o açúcar branco, é mais calórico e tem um poder adoçante muito maior, então se você quiser utiliza-lo como opção, ok, mas se atente ao excesso da ingestão deste produto! Apesar de ter um IG menor do que o açúcar refinado, ele é mais calórico, então vale consumir pouco. Já o açúcar de coco, é rico em potássio, ferro, zinco e fósforo e tem um IG muito baixo. Apesar de ser mais calórico que o açúcar refinado, tem sabor, então dá para usar em menores quantidades, sempre com moderação. Outra ótima alternativa é o uso da stevia, que não tem caloria nenhuma e não traz impacto nenhum no IG, além de ter um poder adoçante quase 300 vezes maior do que o próprio açúcar. Na sua versão em pó, a stevia é rica em magnésio, manganês, potássio, selênio, zinco e vitamina B3. Ele também é indicado em situações de azia, na diminuição de triglicerídeos, colesterol e obesidade, mas se for cozinhá-lo em pratos, atentar-se ao fato de que ele não aguenta temperaturas superiores à 120ºC! As principais diferenças aparecem no gosto, na cor e na composição nutricional de cada tipo.

A regra básica é a seguinte: quanto mais escuro é o açúcar, mais vitaminas e sais minerais ele tem, e mais perto do estado bruto ele está. A cor branca significa que o açúcar recebeu aditivos químicos no último processo da fabricação e apesar de deixá-los com uma aparência melhor, os aditivos “roubam” a maioria dos nutrientes. Só para dar um exemplo, em 100 gramas de um açúcar bem escuro, o mascavo, existem 85 miligramas de cálcio, 29 miligramas de magnésio, 22 miligramas de fósforo e 346 miligramas de potássio. Para comparar, na mesma quantidade de açúcar refinado, aquele tipo branco mais comum, a gente encontra no máximo 2 miligramas de cada um desses nutrientes. . A matéria-prima do nosso açúcar é a cana. Antes de chegar à nossa mesa, a planta passa por diversas etapas de fabricação. Primeiro, ela é moída para extrair o caldo doce. Depois, começa a purificação, em que o caldo é aquecido a 105 ºC e filtrado para barrar as impurezas. Em seguida, o caldo é evaporado, vira um xarope e segue para o cozimento, onde aparecem os cristais de açúcar que a gente conhece. Por último, os tipos mais brancos de açúcar ainda passam pelo refinamento, quando o produto recebe tratamentos químicos para melhorar seu gosto e seu aspecto. De novo, quanto mais bruto for o açúcar, mais saudável ele será. Ou seja, quanto mais escuro for, pois isso mostra que não passou por nenhuma ou quase nenhuma transformação química. Como opção, sugiro o mascavo, xilitol, demerara (que é o mascavo mais comercial) e o mel orgânico. Todas essas opções vão depender muito de paladar e disponibilidade financeira. Mas, claro, sempre usando de forma equilibrada e com bom senso!

Referências

Estudos e notícias

Sugar Industry and Coronary Heart Disease Research – A Historical Analysis of Internal Industry Documents

The Human Experiment Movie

How the Sugar Industry Shifted Blame to Fat

The Four Dog Defense

Aqui no Blog do Dr. Barakat

Cuidado, Açúcar! O que estamos oferecendo às nossas crianças?

Moderação de consumo ou exclusão? Vamos falar sobre sal e açúcar!

Conheça os benefícios do açúcar mascavo.

Desafio 30 Dias Dr Barakat: exclua o açúcar!

Stevia e Demerara: adoce com essas opções

Gordura saturada no banco de vilões novamente?

Relação entre gordura saturada e colesterol

Dúvidas frequentes sobre o colesterol e gorduras

Gordura saturada faz bem?

 

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