A relação entre a serotonina e a obesidade tem sido foco de investigação nos últimos anos. Isso porque a serotonina é um neurotransmissor, produzido majoritariamente no intestino, que, além de regular o funcionamento desse órgão, também impacta no humor, no sono e no apetite. Alguns medicamentos, por exemplo, buscam inibir a receptação da serotonina, aumentando a disponibilidade dela no cérebro para que ocorra, assim, um aumento da saciedade.
Seu excesso, no entanto, também pode ser prejudicial. Em 2015, cientistas do Canadá descobriram que em pessoas obesas, o nível de serotonina é elevado e ela contribui para o diabetes e obesidade por ser capaz de inibir a atividade da gordura marrom (que ajuda a queimar calorias e manter o corpo aquecido).
Agora, um estudo envolvendo três universidades, dentre elas a de Cambridge, foi publicado em dezembro de 2022 na prestigiada Nature e revelou que mutações no gene do receptor de serotonina 2C podem desempenhar um papel no desenvolvimento da obesidade, bem como em comportamentos disfuncionais em humanos e animais.
Em um comunicado, Dr. Yong Xu, um dos autores do estudo, disse: “As pessoas que carregavam variantes de perda de função tinham hiperfagia, ou um apetite extremo, algum grau de comportamento desadaptativo e labilidade emocional, que se refere a mudanças rápidas e muitas vezes exageradas no humor, incluindo emoções fortes, como riso ou choro incontroláveis ou irritabilidade aumentada ou temperamento (…) Sugerimos que o gene do receptor 2C da serotonina seja incluído em painéis genéticos de diagnóstico para obesidade grave com início na infância”.
O fato é que, apesar de ainda precisarmos de novos estudos, essa descoberta abre caminho para o desenvolvimento de novas terapêuticas e técnicas de enfrentamento da obesidade! Enquanto isso, o que podemos fazer é cuidar da alimentação, intestino, sono, saúde mental e combater o sedentarismo!doi: 10.1038/nm.3766.
DOI: 10.1038/s41591-022-02106-5