A psicologia, apesar de não ser minha especialidade, tem aspectos que precisam ser abordados neste processo de saúde e qualidade de vida. Isso porque o emocional influencia diretamente no funcionamento do corpo.
Os problemas que passamos no cotidiano, de alguma forma, prejudicam a circulação de energia vital pelo corpo. Daí, quando uma perda ou uma situação estressante perturba a mente, o organismo também é afetado. Muitos acabam aprendendo a dissimular ou esconder sentimentos, a fim de demonstrarem um equilíbrio que, na verdade, não possuem. Isso gera um desgaste orgânico, e as emoções represadas acabam “estourando” em algum lugar do organismo.
Mas, como isso funciona?! Nosso corpo guarda tudo que não foi resolvido, de alguma forma. Nossas reações às situações externas produzem hormônios que podem alterar de forma drástica o funcionamento do organismo. Por exemplo, quando estamos sob estresse ou fuga, ocorre a liberação dos hormônios adrenalina e cortisol. Em quantidade normal, eles fazem bem e são indispensáveis ao funcionamento do corpo. O problema acontece quando passam a ser produzidos por muito tempo e em quantidades muito acima do necessário, pois geram problemas físicos.
Popularmente, chamamos estas situações de “doenças de fundo emocional”, que podem se apresentar de formas diferentes: o transtorno de somatização e o transtorno psicossomático.
É comum acharmos que todas essas doenças são iguais, mas existem diferenças. Nos casos em que há somatização, a pessoa não apresenta uma doença física comprovada, porém manifesta sintomas físicos, e estes são de “fundo” emocional. Podemos exemplificar com a chamada “Síndrome do Coração Partido”, que é uma crise cardíaca que se assemelha a um infarto, oriundo da descarga de adrenalina por estresse emocional, mas que na maioria dos casos, não gera nenhum dano irreversível, conforme apontaram os cientistas da Johns Hopkins University, de Baltimore (EUA). Ou seja, o sofrimento emocional “abafado” se manifesta por meio de dores físicas sem uma causa clínica específica. Nesses casos, é recomendável o auxílio de um profissional de psicologia.
Já o transtorno psicossomático é quando a dor emocional já causou algum dano físico comprovado por exames clínicos e laboratoriais. É uma doença física verdadeira, mas de causas psicológicas, ou seja, a ação emocional foi intensa e gerou uma doença no corpo. Quando isso ocorre, o ideal é o acompanhamento simultâneo com o médico e psicólogo.
Até a maneira com que refletimos sobre nossas crises de estresse fazem toda a diferença. Estudos de 2012 feitos pela Universidade de Wisconsin concluíram que os impactos do estresse afetam a saúde de quem acredita que o estresse faz mal, e para esses indivíduos, houve um risco aumentado de morte prematura. Outra pesquisa da Associação Americana de Psicologia feita também há quatro anos, mostrou que pessoas submetidas a estresse que fizeram uma auto-avaliação sobre sua reação apresentaram um aumento da eficiência cardíaca.
E, da mesma forma, o departamento de Psicologia da Universidade de Buffalo atestou em 2013 que ajudar outras pessoas reduziu a mortalidade por estresse. Trocando em miúdos, até mesmo a forma com que encaramos nosso estresse determina se ele será fator de impacto na qualidade de vida e saúde. Quando você age frente a uma situação adversa com positividade, certamente seu organismo reagirá em seu favor. O cérebro, sob estresse, produz oxitocina, uma substância conhecida como “hormônio do abraço”, que cria em nós a necessidade de buscar ou oferecer ajuda, e isso ajuda profundamente a saúde. Como uma corrente do bem. Agora, do contrário, com a negatividade, isso poderá gerar danos à saúde, inclusive elevando o risco de doenças graves que podem levar à morte.
Esta relação apresentada nos estudos de como nossas emoções podem intoxicar nosso organismo, a começar pelo nosso cérebro, demonstra a importância da conexão corpo-mente-espírito, e o quanto nosso pensamento até diante de uma crise de estresse tem relevância para a boa saúde da mente e do corpo, e nos ajuda até a viver mais!
Os transtornos psíquicos são muito comuns atualmente, mas há maneiras de amenizar esse quadro. A melhor forma de prevenir a ocorrência de enfermidades de origem emocional é criar hábitos saudáveis. Sabemos que as adversidades surgirão, mas é possível lidar bem com elas, sem excesso de cobranças. Fugir de situações de conflito, evitar brigas, manter períodos de lazer e descanso com qualidade, e uma boa alimentação. E é claro, não esconder sentimentos, mas antes, canalizar emoções negativas para atividades físicas regulares. Isso já ajuda muito a manter o equilíbrio. Afinal, mente sã gera um corpo são, e vice versa.
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