Recentemente, a Anvisa liberou a 1ª injeção contra obesidade. Trata-se de um medicamento similar a outros para diabetes que já eram usados off-label para o emagrecimento. São drogas análogas (cópias moleculares) a uma molécula que produzimos quando estamos sob saciedade, chamada GLP-1 (glucagon-like peptide-1). Essa molécula gera um retardo no esvaziamento do estômago para o intestino, causando a sensação de saciedade – algo que ocorre naturalmente quando estamos saudáveis.
Acredito que essa medicação ou até mesmo outro inibidor de apetite mais potente possa ser utilizado quando faz parte de uma estratégia, num curto período de tempo com dieta restritiva e sob acompanhamento médico/nutricional – já que é um recurso farmacológico para potencializar os resultados. Porém, jamais deve ser utilizada de forma aleatória e leviana, como muitos têm feito uso, sem mudar o padrão alimentar. Tampouco faz sentido fazer o uso prolongado – este uso, por sua vez, só pode ser feito diante de acompanhamento médico. E digo isso porque por conta da big pharma essa droga invasiva não exige receita médica. O que faz com que a população use de forma abusiva, sem o devido cuidado e sem o conhecimento de que a medicação em si não é emagrecedora, mas pode ajudar quando utilizada sob acompanhamento, com exames, num programa de emagrecimento e mudança de hábitos.
Muitas pessoas passam mal porque não conhecem a fisiologia dessa medicação. Quem tem náuseas, gastrite, etc já tem uma contra-indicação para essa medicação (por isso, muitos pacientes têm desconforto, tendo efeitos colaterais). Ou seja, esse problema não é causado a todos, mas sim a quem já tem algum nível de hipocloridria (baixa produção de ácido gástrico). Além disso, num programa de dieta restritiva se exclui álcool, carbos refinados etc e por isso a medicação faz efeito. Mas quem toma sem esse acompanhamento pode forçar o pâncreas podendo provocar efeitos colaterais como gastrite, refluxo, náuseas e até uma pancreatite.
Enfim, toda vez a sociedade faz festa achando que chegou um “milagre”, quando na verdade essa ideia está errada. Compreenda: o certo sempre será a mudança de hábito, a ressignificação!