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Óleo de Coco

Compreenda o que é e quais propriedades há no consumo do óleo de coco

INTRODUÇÃO

O óleo de coco tem sido o assunto em evidência de matérias publicadas na imprensa em repercussão a mais uma nota oficial emitida sobre o óleo de coco e suas propriedades. Uma delas trazia no título “Febre do momento, óleo de coco não traz benefícios e ainda pode fazer mal”. (Folha de S. Paulo). O óleo de coco é colocado como “uma febre do momento”, quando seu consumo existe há milhares de ano.

Será que ele faz mesmo mal a saúde como tem sido descrito? Não, não faz. Será que não há benefícios? Sim, há sim. O óleo de coco virgem tem sido consumido em todo o mundo e alguns de seus benefícios foram avaliados cientificamente.

Afinal, o que é o óleo de coco?

Existem dois tipos do óleo de coco. O 1º é produzido a partir do coco seco e, o segundo, com o coco fresco, sem o uso de altas temperaturas ou processos químicos em sua extração, o que já o torna diferenciado da maioria dos óleos vegetais e pode classificá-lo como benéfico. Além disso o coco é composto por triglicerídeos de cadeia média (ou ácidos graxos de cadeia média), especialmente o ácido láurico, que são gorduras saturadas benéficas a saúde! (vamos falar sobre)

No Instituto Dr. Barakat costumo fazer reuniões periódicas com a equipe do Núcleo de  Nutricionistas para discussão de casos e, também, análises do panorama científico deste campo de atuação. Pois bem. A ciência evolui, verdades tidas como absolutas hoje, são revistas. Hoje, o óleo de coco foi para a “berlinda”. Outrora quem ocupou esta posição por anos foi gordura saturada[1], já absolvida do banco dos réus. Sobre isso, convido à leitura de um recente post, em que detalho o assunto.

Dito isso, para contextualizar alguns pontos sobre evolução do conhecimento científico – vamos voltar à bola da vez o “óleo de coco”. Quando é colocado em xeque por meio da nota oficial o potencial propriedade de agende antimicrobiano e imunomodulador, o próprio artigo[2] utilizado para sustentar tal colocação diz o contrário, sendo apresentado o seguinte: “Cocos nucifera L., é uma árvore que é cultivada por suas múltiplas utilidades, principalmente por seus valores nutricionais e medicinais. É a única fonte de vários produtos naturais para o desenvolvimento de medicamentos contra várias doenças e também para o desenvolvimento de produtos industriais. As partes de seu fruto, como a semente de coco e água de coco macia têm inúmeras propriedades medicinais, tais como antibacteriano, antifúngico, antiviral, antiparasitário, antidermatofítico, antioxidante, hipoglicêmico, hepatoprotetor, imunoestimulante”.

Agora, sobre gordura saturada presente no coco e, também, sobre o papel do óleo de coco na atividade cerebral temos: a referência científica apresentada para descaracterizar o uso do óleo de coco em nota oficial novamente demonstra o contrário e apresenta o óleo de coco como benéfico[3]. No estudo citado está expresso que: “O óleo de coco, derivado do fruto de coco, tem sido historicamente reconhecido por conter altos níveis de gordura saturada; No entanto, um exame mais minucioso sugere que o coco deve ser considerado mais favoravelmente. Ao contrário da maioria das outras gorduras dietéticas que são ricos em ácidos graxos de cadeia longa, óleo de coco compreende ácidos graxos de cadeia média (MCFA). MCFA são únicos no sentido de que são facilmente absorvidos e metabolizados pelo fígado e podem ser convertidos em cetonas. Corpos cetônicos são uma importante fonte de energia alternativa no cérebro, e pode ser benéfico para as pessoas em desenvolvimento ou já com comprometimento da memória, como na doença de Alzheimer (DA). O coco é classificado como altamente nutritivo ‘ alimento funcional’”.

O artigo ainda vai além e nos diz o seguinte: “rico em fibra dietética, vitaminas e minerais; Entretanto, notavelmente, a evidência está crescendo para apoiar o conceito de que o coco pode ser benéfico no tratamento da obesidade, dislipidemia, LDL elevado, resistência à insulina e hipertensão – estes são os fatores de risco para DCV e diabetes tipo 2 e também para AD”.

Ele também ajuda a elevar o nível de HDL (colesterol bom) e contribui com a melhora o metabolismo da glicose no organismo. Outro estudo de 2011[4] sugeriu que as mulheres pré-menopáusicas que consumiam mais óleo de coco (como determinado por registros de alimentos) tinham níveis mais elevados de colesterol HDL (colesterol bom) sem um aumento no colesterol LDL do que as mulheres que consumiam menos óleo de coco.

Sobre o óleo de coco ser ferramenta para a perda de peso[5] – um outro ponto colocado em discussão. Neste caso concordo que é equivocado classificar o óleo de coco como um “meio milagroso” de se emagrecer ou condicionar seu uso ao propósito de conduta para emagrecimento são aspectos equivocados. Já disse e repito: NÃO existe método mágico para emagrecer. Se o propósito pelo qual você faz uso deste alimento é exclusivamente este, é melhor rever sua conduta, conversar com seu nutricionista.

Entretanto, é preciso dizer que o óleo de coco contém ácidos graxos de curta e de média cadeia, que são mais difíceis para o nosso corpo converter em gordura armazenada. Por isso, possui propriedades que auxiliam na manutenção do organismo e controle de peso. Como disse, sozinho, “não faz verão”.

Observo muitos focados em perder peso e, com isso, recorrem a metodologias mirabolantes, quando na verdade o propósito deve ser reeducação alimentar, mudança no estilo de vida. Este é o caminho. De nada adianta comer bem e viver estressado ou ser sedentário. Você só conquistará saúde e qualidade de vida quando compreender que Trata-se de um conjunto (os 4 pilares): alimentação, exercícios, controle do sono e estresse; equilíbrio corpo, mente, espírito. Um caminho que levará uma pessoa a níveis que vão além de perder kilos, mas possibilitarão conquistar uma vida saudável. Sem uma mudança integral, a pessoa após perder os desejados “kilos” extras, pode retornar ou manter os velhos hábitos e ganhar novamente peso. A perda de peso será uma consequencia de um organismo mais sadio, menos inflamado por determinados alimentos.

Quanto mais nutritivo o alimento, mais propriedades poderá oferecer à saúde e qualidade de vida, bem como ao melhor desempenho do organismo. Com isso, é possível fortalecer o sistema imune, evitar doenças e auxiliar o corpo a combatê-las.

A ciência é um processo em constante evolução, sem dúvida. Precisamos estar atentos. E lembrar que não há fórmulas mágicas. Qualidade de vida requer esforço e boas práticas alimentares e de vida.

Análise final

Há uma comoção de se notificar sobre este ou aquele “suposto dano” do uso do óleo de coco. Pois bem. Será que um dia veremos esta mesma dedicação de um grupo em esclarecer a população quanto aos potenciais riscos do consumo constante e progressivo de ingredientes contidos em produtos industrializados? Dos malefícios de produtos como refrigerantes, açúcar branco refinado? Isso sem falar de óleos como “de girassol”, de “soja” ou o “canola”. Estes produtos (que são – pasmem – indicados por especialistas), que merecem alertas constantes e um forte trabalho de conscientização quanto aos seus danos ao organismo. Vale reflexão.

REFERÊNCIAS

[1] Saturated fat is not the major issue BMJ 2013; 347 doi: https://doi.org/10.1136/bmj.f6340 (Published 22 October 2013)

Cite this as: BMJ 2013;347:f6340

[2] DebMandal M, Mandal S. Coconut (Cocos nucifera L.: Arecaceae): in health promotion and disease prevention. Asian Pac J Trop Med 4(3):241-7, 2011.

[3] Lockyer, S, Stanner S. Coconut oil–a nutty idea?. Nutrition Bulletin, 41(1), 42-54, 2016

[4] Feranil AB, Duazo PL, Kuzawa CW, Adair LS. Coconut oil predicts a beneficial lipid profile in pre-menopausal women in the Philippines. Asia Pacific journal of clinical nutrition. 2011;20(2):190-195.

[5] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25997382

Referências complementares

White MD, et al. “Enhanced postprandial energy expenditure with medium-chain fatty acid feeding is attenuated after 14 d in premenopausal women.” American Journal of Clinical Nutrition, 1999.

Muller H, Lindman AS, Blomfeldt A, Seljeflot I, Pedersen JI (2003). A diet rich in coconut oil reduces diurnal postprandial variations in circulating tissue plasminogen activator antigen and fasting lipoprotein (a) compared with a diet rich in unsaturated fat in women. J Nutr 133, 3422–3427. | PubMed |

Marina AM, Man YB, Nazimah SA, Amin I.  Antioxidant capacity and phenolic acids of virgin coconut oil, Int J Food SciNutr, 2009;60Suppl 2:114-23.

 

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