Quando entramos no tema “saúde da mulher” há um ponto que, embora ainda polêmico, é necessário ser esclarecido. O uso de pílula anticoncepcional. Embora haja visível uma mudança na percepção quanto aos riscos do contraceptivo hormonal ao organismo feminino em detrimento de algum possível benefício, ainda há muito a se caminhar neste assunto.
Entendam 1º) A chamada “pílula anticoncepcional” contem hormônios artificiais (sintéticos): femininos estrogênio e progesterona, que as mulheres produzem naturalmente em seus ovários. Ou seja, a mulher recebe uma dose de hormônios extras que ela já tem. Isso não pode ser bom para o organismo. (Uma reposição hormonal só é bem-vinda quando há indicativo e necessidade comprovada para fins terapêuticos)
Entendam 2º) que contracepção é um termo empregado para métodos que impeçam a gravidez: pílula é apenas um deles. Há opções de métodos isentos destes hormônios sintéticos como camisinha e DIU.
Saúde física e mental, ambas, podem ser impactadas. Um estudo publicado no Jama Psychiatry1[1] (novembro de 2016) verificou que o uso de contracepção hormonal tem como potencial efeito adverso um diagnóstico de depressão.
Há ainda um outro viés. É notório que a pílula, do conceito libertador, transformou-se em sinônimo de escravidão para muitas mulheres. A visão de métodos contraceptivos tem mudado, isso é verdade e, agora, há uma compreensão de que além das mulheres, os parceiros devem compartilhar da responsabilidade. Até porque sabemos que o anticoncepcional está longe de ser o único meio de prevenir uma gravidez, assim como a gestação está bem distante de ser o único motivo que deve levar a cuidados na hora do sexo, afinal há as doenças sexualmente transmissíveis.
Se você ainda consome anticoncepcionais ou conhece alguém que mantém a prática, convido a conversarem com seu médico de confiança e buscarem alternativas, porque elas existem.
Entre os principais efeitos negativos podemos citar: riscos do uso da pílula anticoncepcional podemos citar: a redução da libido – devido à baixa da testosterona, aumento de peso, dificuldade em se obter massa magra, celulite e flacidez, pressão arterial, diabetes gestacional[2], trombose venosa, câncer (como de mama[3]), além do risco de formar coágulos que podem levar a doenças degenerativas, AVC, risco de osteoporose, de trombose venosa cerebral e até a morte. A imprensa brasileira recentemente noticiou dois casos de jovens que tiveram episódios de trombose decorrentes do uso da pílula.
Alguns estudos também apontam que o uso de anticoncepcional combinado com o tabagismo aumenta em até oito vezes o risco de acidente cardiovascular (AVC), pois o sangue de fumantes é mais propenso a formação de coágulos.
REFERÊNCIAS
[1] Skovlund CW, Mørch LS, Kessing LV, Lidegaard Ø. Associação de contracepção hormonal com depressão. JAMA Psiquiatria. 2016; 73 (11): 1154-1162. Doi: 10.1001 / jamapsychiatry.2016.2387
[2] Hormonal Contraceptives Linked With Gestational Diabetes. JAMA. 2014;312(10):992. doi:10.1001/jama.2014.10726
[3] Collaborative Group on Hormonal Factors in Breast Cancer. Breast cancer and hormonal contraceptives: collaborative reanalysis of individual data on 53,297 women with breast cancer and 100,239 women without breast cancer from 54 epidemiological studies. Lancet 1996; 347(9017):1713–1727